Ao longo da história, o vestuário, a moda, as tendências sempre foram vistos como direcionadores de algo. Independente de vir dos nobres ou camponeses, feita para homens ou mulheres, esse conceito sempre foi muito permeado, misturado, envolto entre a moda e a sociedade, afinal quem segue quem?
Por muito tempo acreditamos que as tendências de moda vinham de criadores, de alfaiates, costureiras, estilistas e pessoas afim. Acreditávamos que existia alguém acima de nós que ditava o que era certo ou não usar.
Apesar de muitos movimentos da moda terem nascido as ruas, mesmo assim, serviam como inspiração para criação de novas coleções, definir estilos, cores, modelagens, ou seja os movimentos sociais eram inspiração apenas.
E hoje? Como a moda está conectada com a sociedade. São muitos movimentos: guetos, categorias, grupos étnicos e por ai vai, para que a moda se adapte e se inspire a ponto de conseguir criar na velocidade como essas tendências sociedade surgem e ao mesmo tempo desaparecem.
O advento das redes sociais poderosas não permite que o processo de criação seja feito por completo, com estudo, desenvolvimento e todas as etapas que teoricamente são necessárias para criar uma nova coleção de moda.
Mas, e então? Nada novo por enquanto certo?
Pelo contrário é aqui que pegamos o “pulo do gato”. A moda e a sociedade são espelhos, a sociedade lida com relações assim como a moda, de forma descartável. Uso único! Tamanho único! Usei uma vez não gostei e passo adiante. A moda está tão fútil que passamos por uma vitrine, gostamos, compramos e em nenhum momento paramos para pensar se era exatamente necessário ou iria ser duradouro no seu guarda roupa. Agimos por impulso.
E as relações não estão exatamente assim? A forma como a sociedade se distância a passos largos, velocidade incrível e quase impossível de acompanhar. As pessoas não querem mais ter que pensar quando se relacionam com outras pessoas, é assim, está na vitrine comprei, usei uma vez e joguei num canto qualquer.
Homens e mulheres tem o mesmo discurso: hoje ninguém quer nada com nada.
Será? A pergunta é: e você quer algo, quer preservar, cuidar, ajustar quando necessário, saber escolher com sabedoria, entender que exatamente igual a uma peça de roupas, as pessoas com quem nos relacionamos vão fazer parte da sua vida.
E daí muitos vão dizer, conversa de maluco né? Acho que não.
Estamos sendo descartáveis como as roupas que usamos, somos iguais as montanhas de roupas usadas descartadas em desertos por ai. Só que ninguém quer saber. Ninguém se importa. Acumulamos vazios dentro de nós, jogamos fora por detalhe ou só pelo prazer de tentar ter algo melhor.
Nesse contexto, somos e estamos sós. Distanciados. E a moda reflete a sociedade: a cada dia uma vitrine diferente, um lançamento diferente, uma tendência diferente; se não der certo? Descartamos e fazemos outras.
Não somos mais fúteis ou superficiais que a moda. Na verdade, somos nós, a sociedade que molda a moda.